Resumos das conferências

TÍTULOS E RESUMOS

FILOSOFIA DA CIÊNCIA

TEMA: RACIONALIDADE CIENTÍFICA

Alberto Oliva (UFRJ/CNPq)

Título: A avaliação epistêmica de uma teoria depende de fatos identificados por alteridades?

Resumo: Partindo da distinção entre contexto da descoberta e contexto da justificação, abordaremos a problemática da racionalidade em duas partes. Na primeira, procuraremos identificar a repercussão sobre a Teoria da Racionalidade da tese que advoga que conteúdos não empíricos, metafísicos ou outros, podem dar origem à formação de teorias científicas. Acreditamos fundamental avaliar sob que condições semióticas uma modalidade de explicação como a metafísica pode contribuir para o advento de sistemas teóricos que se pretendem empíricos. Para elucidar a natureza e os fundamentos desse “comércio ideacional” entre diferentes estilos de pensamento é necessário elaborar uma Teoria da Tradução Epistêmica que se mostre capaz de identificar o que torna possível a migração de conteúdos ideacionais de uma área de produção intelectual para outra. Sustentaremos que para ser efetivamente elucidativa a tese popperiana do intercâmbio conteudístico entre alteridades precisaria ser capaz de apontar as condições epistêmico-linguísticas que o tornam possível. A outra parte se voltará para a análise crítica da tese feyerabendiana que sustenta que a avaliação completa de uma teoria científica depende do recurso a alteridades. Isto porque a plena testagem só seria alcançável no caso de se dispensar atenção a fatos identificados por outras teorias à luz de ópticas que lhes são próprias. Seriam fatos não detectáveis com o holofote da teoria sob exame. Só isso ensejaria romper com a “cumplicidade” entre uma teoria e seus fatos. Sendo esse o caso, deixa uma teoria de poder conquistar a plena justificação com base nos crivos a que é submetida. O outro explicativo desponta como decisivo para a avaliação de uma teoria. A importância da alteridade não reside apenas em fomentar o pluralismo, mas deriva da constatação de que sem seu concurso deixam de ser identificados outros fatos em condições de testarem a teoria na berlinda. A crítica que faremos ao Princípio da Proliferação é similar à que também dirigiremos à Tese do Reaproveitamento do material metafísico pela Ciência. Sem que se disponha de uma Teoria de Conversão Epistêmico-semântica não há como esclarecer como fatos identificados a partir dos pressupostos linguístico-epistêmico-ontológicos de determinada teoria podem ter serventia no processo de avaliação de outra teoria estruturada com base em outras pressuposições.
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Antonio Augusto Passos Videira (UERJ/CNPq)

Título: A razão e a sua função na ciência segundo Werner Heisenberg

Resumo: Werner Heisenberg é um dos mais importantes cientistas naturais do século passado, sendo considerado como responsável pela criação da Mecânica Quântica ao lado de físicos como Max Born, Pascual Jordan e Wolfgang Pauli. Além de muitas contribuições à física, Heisenberg foi um prolífico autor em outras áreas, com destaque para a filosofia, que lhe era muito importante nas suas muitas tentativas de compreender os impactos recentes da física e suas consequências para a nossa concepção de realidade. São bem conhecidas as suas ideias sobre natureza, causalidade e matéria. Mas o que seria a razão para ele? Como avaliava o físico alemão o impacto das ‘revoluções’ científicas da primeira metade do século XX sobre a razão? Teria ele elaborada alguma concepção de razão? Se sim qual? A presente palestra procurará discutir todas essas questões de modo a oferecer uma formulação coerente e rica da noção de razão para o criador das relações de incerteza.

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Caetano Ernesto Plastino (USP)

Título: Sobre a relevância epistêmica da divergência de opiniões

Resumo: Em seu célebre livro “On Liberty” (1859), Mill empreende uma vigorosa defesa da liberdade de pensamento e discussão. Examina os benefícios epistêmicos advindos do choque de opiniões conflitantes e também os limites que a livre discussão racional é capaz de alcançar. Retomando essa questão no âmbito de recentes estudos de epistemologia social, consideraremos as diferentes respostas racionais (por exemplo, o aumento ou diminuição da confiança em nossas próprias crenças, a conciliação, a suspensão do juízo etc.) resultantes do embate de opiniões em diferentes circunstâncias.

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Osvaldo Frota Pessoa Jr. (USP/CNPq)

Título: Objetividade científica e cenários contrafactuais

Resumo: Pretendo explorar uma definição de objetividade científica que se refere aos conteúdos da ciência que seriam invariantes em diferentes mundos “causalmente possíveis”. Tais mundos poderiam ter existido a partir de uma ramificação a partir de nosso mundo atual, em algum instante do passado. Podemos imaginar cenários como, por exemplo, a ciência moderna se desenvolvendo primeiro na China, e perguntar o que se manteria invariante. É plausível supor que boa parte dos chamados “fatos científicos” seriam os mesmos (por exemplo, Andrômeda está fora de nossa galáxia), apesar de a organização teórica poder ser diferente. A parte de uma teoria científica que se mantém invariante através das culturas (no mundo atual ou em mundos possíveis) é sua parte objetiva, e a parte sensível às culturas pode ser chamada de “interpretação” das teorias, como iremos exemplificar (no mundo atual) com as interpretações da teoria quântica. O raciocínio contrafactual é uma ferramenta interessante de análise, desde que não se distancie muito do mundo atual, e é indispensável para os defensores de visões relativistas da ciência (como exemplificaremos em Fleck).

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Paulo Cesar Coelho Abrantes (UnB/CNPq)

Título: Racionalidade científica numa perspectiva naturalista?

Resumo: O tópico da racionalidade científica foi central na filosofia da ciência do séc. XX, particularmente em sua vertente anglo-saxônica e popperiana. O modelo adotado no tratamento dessa questão foi logicista, e as propostas foram reconstrutivas. Lakatos talvez tenha sido o filósofo que articulou a versão mais sofisticada de uma teoria da racionalidade científica nesses moldes. Nesta comunicação, discutirei a possibilidade de se adotar uma perspectiva naturalista no tratamento dessa questão, isto é, de assentar a racionalidade no próprio conhecimento científico, além de não perder de vista o modo como a racionalidade se manifesta na prática científica real. À primeira vista, esse projeto está fadado ao fracasso já que ‘racionalidade’ possui um claro caráter normativo que, consequentemente, não poderia ser capturado de uma perspectiva científico- empírica. Investigaremos este e outros impasses de um projeto naturalista. Gostaríamos, em particular, de explorar as credenciais de modelos biológicos no tratamento da racionalidade científica, especialmente no contexto de uma epistemologia evolucionista.

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Robinson Guitarrari (UFRRJ)

Título: Argumentos da subdeterminação e seus desafios

Resumo: Pretendo examinar criticamente algumas formas de subdeterminação, especialmente a que se apoia na tese da equivalência empírica e a que se vincula ao problema das alternativas não concebidas.

LÓGICA

TEMA: LÓGICA E EXISTÊNCIA

Alessandro Duarte Bandeira (UFRRJ)

Título: Motivações filosóficas da lógica livre e aplicações

Resumo: Uma característica relevante da lógica categórica Aristotélica é o import existencial implicitamente assumido, que permite como regra de inferência a conversão por acidente. É fato conhecido que a lógica de predicados de primeira ordem não permite a conversão por acidente, uma vez que predicados podem semanticamente se referir ao conjunto vazio. Contudo, ainda há, implicitamente, na lógica de predicado de primeira ordem, import existencial, na medida em que toda constante individual deve referir-se a um objeto do domínio. O objetivo da apresentação é discutir as motivações filosóficas da lógica livre, que permite referência a objetos inexistente (lógicas livres totais) ou que permite que a função interpretação não seja total (lógica livre parcial). Além disso, discutiremos algumas aplicações filosóficas da lógica livre.

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André Nascimento Pontes (UFAM)

Título: Algumas considerações sobre pluralismo lógico

Resumo: O pluralismo lógico é comumente apresentado como a tese de que existe mais de uma lógica correta. Portanto, ele é oposto ao monismo lógico que afirma haver apenas uma lógica correta. Apesar de ser expresso em um enunciado de fácil compreensão, o pluralismo lógico claramente demanda posterior esclarecimento sobre o que devemos entender nesse contexto pelos termos “lógica” e “correta”. Diferentes compreensões desses termos deram origem a múltiplas variantes do pluralismo, todas elas com suas vantagens e desvantagens próprias. O objetivo do presente trabalho é realizar uma apresentação crítica de algumas dessas variantes cuja importância para a literatura sobre o tema é destacável; em especial, a variante de Carnap e a de Beall-Restall.

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Dirk Greimann (UFF/CNPq)

Título: Definição contextual e existência simulada

Resumo: De acordo com W.V.O. Quine, a definição contextual é um instrumento potente para simular objectos em teorias sem pressupor a sua existênce. Em ‘Whither Physical Objects’ (1976) e ‘Things and Their Place in Theories’ (1981), ele usa esta técnica para reduzir o universo de discurso da nossa teria completa do mundo à ontologia dos conjuntos puros. A meta da palestra consiste em mostrar que Quine sobrestimou a definição contextual. O problema é que este tipo de definição pressupõe um princípio de contexto muito forte que não é aceitável.

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Edélcio Gonçalves de Souza (USP)

Título: Um procedimento abstrato para transformar uma dada lógica em uma lógica paraconsistente.

Resumo: Dado um sistema lógico abstrato qualquer caracterizado por uma relação de consequência, mostraremos como modificar essa relação de modo que se possa bloquear raciocínios com premissas inconsistentes. Obtemos, desse modo, uma versão paraconsistente da lógica inicial.

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Luciano Vicente (UFJF)

Título: Sobre a existência em metamatemática

Resumo: Existem formas existenciais para grande parte das questões metamatemáticas típicas, e. g.: (a) existem sistemas axiomáticos do conceito de validade lógica; (b) existem sistemas axiomáticos completos da teoria T; (c) existem definições de verdade da teoria T1 na (meta-)teoria T2? Nota-se que prima facie as questões de existência em metamatemática são relativas, certos conceitos e teorias estão em causa: nada (sejam “indivíduos”, sejam “propriedades”) simplesmente existe. Ora, segundo Frege, a existência deve ser pensada como “propriedade de segunda-ordem”: a proposição ‘2 existe’ é dotada sentido somente na medida em que queremos dizer com ‘2 existe’ que ‘existe x tal que x é o sucessor do sucessor do menor número natural’ ou que ‘existe x tal que x é ao mesmo tempo par e primo’. Quine concorda parcialmente com Frege enquanto recusa abordagens de “segunda-ordem”, todo peso da existência relativa ou do “comprometimento ontológico” de teorias é transmitido ao papel das variáveis ligadas da teoria. Pretende-se estabelecer, então, algumas relações entre três pontos importantes da (meta-)ontologia: (1) os enunciados existenciais típicos da metateoria; (2) o conceito fregeano de existência; (3) os conceitos quineanos de comprometimento ontológico e ideológico.

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Guido Imaguire (UFRJ/CNPQ)

Título: Meta-metafísica da Existência (UFRJ/CNPq)

Resumo: O tópico desta comunicação é o papel semântico de descrições definidas. Falando de maneira muito geral, as diversas teorias sobre descrições dividem-se naquelas que podemos chamar de singularistas (para as quais descrições são termos singulares e, portanto, instrumentos referenciais) e nas não- singularistas (para as quais as descições são alguma outra coisa, e.g., quantificadores, expressões sincategoremáticas, etc.) Há inúmeros argumentos contra a visão singularista. Meu proprósito é apresentar um argumento novo contra a visão singularista a partir da análise da coerência interna de uma teoria paradigmática (a de Frege e Strawson).

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TEORIA DO CONHECIMENTO

TEMA: CONHECIMENTO E RACIONALIDADE

Alice Bittencourt Haddad (UFRRJ)

Título: Sexto e a crítica à noção estoica de racionalidade

Resumo: Nas Hipotiposes Pirrônicas, Sexto Empírico, em tom de brincadeira, faz uma crítica à noção de racionalidade (lógos) estoica. Em HP, 1, 61-78, tratando do primeiro modo da suspensão do juízo, ele visa a mostrar como não é possível preferir as representações (phantasíai) humanas às dos animais chamados de irracionais (tà áloga kaloúmena zôa) e aponta passo a passo, com o exemplo do cachorro, como o animal dito irracional atende às caracterizações das racionalidades interna (endiáthetos lógos) e externa (prophorikòs lógos) estoicas. Pretendemos, neste artigo, além de apresentar a crítica de Sexto, expor um estudo sobre a noção de racionalidade segundo o estoicismo.

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Célia Cristina Patrício Teixeira (UFRJ)

Título: Analiticidade epistêmica reconsiderada

Resumo: Hoje em dia é comum distinguir analiticidade epistêmica de analiticidade metafísica. A noção de analiticidade metafísica tem sido amplamente rejeitada, mas a noção de analiticidade epistêmica tem sido amplamente aceite. O meu objectivo é mostrar que também a noção de analiticidade epistêmica deve ser rejeitada. Através de contraexemplos, vou mostrar que esta noção é extensionalmente inadequada e, portanto, defeituosa. Por fim, sugiro que se ambas as noções de analiticidade são defeituosas, talvez isto seja tudo o que precisamos para rejeitar a noção de analiticidade no seu todo.

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Edgar da Rocha Marques (UERJ/CNPq)

Título: O ceticismo de Dretske acerca do conhecimento de si

Resumo: No presente artigo, apresentamos nossa interpretação dos argumentos fornecidos por Fred Dretske para fundamentar seu ceticismo acerca da possibilidade de conhecermos introspectivamente que possuímos estados mentais e que, portanto, não somos zumbis. Mostramos que a posição cética acerca do conhecimento de si adotada por Dretske tem como fundamento a sua concepção externalista e informacional de todos os estados mentais e que essa forma de conhecimento demanda um outro tipo de abordagem.

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Ethel Menezes Rocha (UFRJ/CNPq)

Título: Deus enganador, Deus veraz e o projeto cartesiano.

Resumo: É sabido que Descartes sustenta a tese forte de que as verdades eternas são livremente criadas por Deus. A tese não é apenas a de que tudo (inclusive as verdades eternas) depende de Deus, como sustenta a tradição escolástica de inspiração aristotélica, mas que tudo (inclusive as verdades eternas) depende da livre vontade de Deus. Essa tese não aparece em nenhum livro de Descartes publicado, mas entre 1630 e 1649 (um ano antes de sua morte) está presente em sua correspondência (em oito cartas) e em suas respostas a duas das objeções feitas às Meditações Metafísica. Além disso, aparece em L’entretien avec Burman, que consiste em notas de Frans Burman sobre sua conversa com Descartes realizada em 1648. Segundo uma certa leitura, na medida em que envolve a tese de que os princípios lógicos são criados como limitações do intelecto finito, Descartes com essa doutrina das verdades eternas sustenta que há uma desconexão na criação divina entre essências e mundo atual de um lado e a percepção clara e distinta por parte do ser racional finito de outro, o que implica que Deus em certo sentido engana ao dotar esse ser racional com faculdades cognitivas que, entretanto, o impedem de alcançar o que seria a verdade absoluta, isto é, a verdade do ponto de vista de Deus. Mas se é assim, torna-se necessário examinar qual seria o papel de Deus no sistema cartesiano, já que não seria o que tradicionalmente compreende-se, a saber, o de fundamentar a possibilidade de que os seres racionais, através de ideias claras e distintas, alcancem a verdade absoluta acerca das essências e do mundo atual criado por Deus. Cabe, portanto, perguntarmos qual seria, no sistema cartesiano, o escopo da hipótese do Deus enganador e a função da prova da existência do Deus veraz. A hipótese a ser defendida é a de que, por um lado, a dúvida que recorre à possibilidade de um Deus enganador não põe em questão a verdade das ideias claras e distintas e, por outro lado, a prova da existência de Deus (veraz) tampouco garante a verdade absoluta dessas, embora garanta a legitimidade das ideias claras e distintas como fontes de certo conhecimento (matemático e metafísico) que cabem ao ser racional e a legitimidade de certas ideias obscuras e confusas. Para sustentar essa hipótese interpretativa será argumentado que a dúvida que recorre à possibilidade de um Deus enganador visa à razão como fonte de conhecimento, mas a concepção de razão visada não é a de uma razão que produz, sem auxílio dos sentidos, ideias claras e distintas, isto é, não é a concepção de razão envolvido no modelo cognitivo cartesiano. Ao contrário, a concepção de razão alvo da dúvida que recorre ao Deus enganador é aquela envolvida no modelo cognitivo escolástico aristotélico segundo a qual mesmo operações cognitivas puramente intelectuais como as que produzem a quantidade, objeto da Matemática, e o inteligível, objeto da Física, dependem do sensível na medida em que, como todo conhecimento, envolvem o processo de abstração a partir da imagem sensível.

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Markos Klemz Guerrero (UFRRJ)

Título: Tomás de Aquino contra o inatismo

Resumo: A aceitação ou recusa de que há conhecimento intelectual inato nos seres humanos é uma marca tradicional da controvérsia entre empirismo e racionalismo na modernidade. Nesse sentido, ao abraçar a doutrina da tabula rasa, a teoria do conhecimento Tomás de Aquino assumiria, ainda que vaga e anacronicamente, um tom empirista. Sua rejeição do inatismo é sustentada por dois argumentos, um dos quais recorre principalmente a assunções ontológicas, ao passo que o outro repousa sobre uma suposta questão de fato. De acordo com o primeiro, se atos da sensação não fossem requeridos para produzir species inteligíveis, o corpo humano seria inútil para o exercício da atividade cognitiva distintivamente humana, comprometendo assim a unidade substancial do homem. De acordo com o segundo argumento, um homem cego não pode ter species inteligíveis de cores, fenômeno que só poderia ser explicado caso ver cores seja requerido para pensar em cores. Em primeiro lugar, veremos que o primeiro argumento depende do segundo. A partir de então, focaremos no argumento do cego, mostrando que são necessários ajustes no argumento para que ele se aproxime da amplitude desejada; e que ainda assim, ele não é suficiente para sustentar a tese de que nenhum elemento inato é necessário para explicar o processo intelectual humano.

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Renato Valois Cordeiro (UFRRJ)

Título: Observações sobre os §§ 69, 70 e 71 da terceira Crítica e a unidade sistemática da Filosofia Transcendental

Resumo: Apresento neste trabalho o esboço de uma tese em defesa da filosofia da biologia kantiana, que busca mostrar que o princípio causal introduzido na mesma é compatível com o sistema crítico introduzido na CRP. De acordo com isso, o objetivo central da palestra é, por um lado, mostrar que o princípio da causalidade natural, tal como é expresso pela tese da “Antinomia da Faculdade de Julgar Teleológica”, a saber, como um princípio subjetivo – uma máxima -, não representa um retrocesso relativamente à teoria kantiana exposta na “Segunda Analogia”. Significa dizer, portanto, que é possível mostrar que o princípio da causalidade mecânica pode ter na CFJ uma função regulativa (sistematizante) sem anular a função constitutiva (determinante) da experiência que é apresentada pelo princípio da causalidade natural na CRP. Por outro lado, buscarei mostrar que a antinomia em questão pode representar um conflito real, ao contrário do que pensam alguns intérpretes renomados.